16 de maio de 2011

Mãe de anjo

anjoQuandou soube que estava grávida, pela primeira vez, meu mundo desabou. Estava casada há 6 anos, relacionamento estável. Minha perturbação foi saber que, daquele dia em diante, eu deixava de ser a filha e passaria a ser a mãe. Um misto de alegria, tristeza, preocupação, sonhos…

Mas essa primeira gestação não vingou, e, aos 2 meses e pouco, tive um aborto. Na época, me revoltei, me perguntei o porquê, me culpei, culpei os outros. Depois entendi que, melhor assim, do que perder mais para frente, do que ter um filho com problemas.

Depois veio a ansiedade de engravidar de novo. Mês após mês. Até o dia em que eu desencanei, decidi viver a vida quase Amy. Foi quando me dei conta de que estava grávida. Curti cada momento, cada exame, cada roupinha. Meu menino nasceu saudável. E a emoção que senti foi indescritível. Foi a coisa mais intensa e mais misturada que já vivi. Chorava, tremia, sorria. Daria tudo para viver aquele momento novamente. Era como se todas as emoções que sentiria durante minha maternidade chegassem juntas: felicidade, medo, nervoso, satisfação, orgulho, estresse, prazer.

Sempre quis ter mais de um filho. E queria “escadinha”, um perto do outro. E assim foi. Engravidei novamente quando meu filho tinha 1 ano e 4 meses. E mais uma vez curti cada momento da gestação, agora de uma menina.

O nascimento dela foi mais tranquilo. Senti uma paz muito grande com a alegria de tê-la perto do meu rosto naquele momento. Sentir seu cheiro, a textura de sua pele ainda enrrugada pelo líquido amniótico. Nascia uma filha e nascia uma nova mãe.

Mas quis nossos destinos que ela se fosse com apenas 15 dias de vida, sem ao menos desfrutar seu quartinho, sem ao menos provar suas roupinhas, sem ao menos conhecer todos os que a amavam. Mas ela foi amada, e como foi querida nestes dias. Foram poucos mas intensos os momentos que passamos juntas. Pude tê-la em meu colo pouquíssimas vezes. Aproveitei cada toque em seu corpinho edemaciado, cada carinho em seu cabelo raspadinho pelos acessos em sua cabeça, cada massagem em seu pezinho.

Fiz juras de amor eterno, como toda mãe. Rezei ao seu lado, como toda mãe. Estive perto, mesmo longe, como toda mãe. Senti culpa, como toda mãe. Senti, orgulho, como toda mãe. Perdi-a, como poucas guerreiras perdem. Ganhei um anjo, como poucas privilegiadas ganham. Recebi sua força divina, como poucas mães recebem. Continuei a viver apesar de tudo, como poucas bravas conseguem.

Agora aguardo o momento em que Ele decidir que estou pronta para vivenciar a maternidade novamente, do jeito que Ele achar conveniente. Entreguei minha vida e de minha família em Suas mãos. Estudei 8 anos em colégio de freira, sempre fui uma católica não praticante - apesar da 1ª comunhão, do grupo de jovens, do matrimônio na igreja, do batismo de meus filhos. Mas foi minha filha quem me ensinou: Ele existe, e Ele não nos dá um filho e o tira de nossas vidas sem um propósito maior. Acredito nisso e na beleza do sorriso saudável de meu outro filho.

É isso que me dá força para continuar.

Feliz Mês das Mães a todas as mães, as que já foram, as que ainda serão e as que ainda estão por vir.

Nome da Mãe: Milene (@diiirce)

Nome dos filhos: Nicolas (2 anos) e Alicia (anjinho)

Contato: Aqui no blog e no http://diiirce.wordpress.com

7 Comentaram - COMENTE AQUI:

Keka disse...

" Perdi-a, como poucas guerreiras perdem. Ganhei um anjo, como poucas privilegiadas ganham. Recebi sua força divina, como poucas mães recebem. Continuei a viver apesar de tudo, como poucas bravas conseguem." SEM PALAVRAS AMIGA...

fabiola disse...

sem duvidas, esta frase é forte demais e faz chorar até quem ainda não passou pela maternidade.
Deus te abençoe

Jana disse...

Oii Mi!! Perdi meu pai a exatamente 12 dias e com apenas 68 anos de idade. A ferida ainda dói muito e teima em não cicatrizar, se é que um dia ainda vai...
Estou passando por um turbilhão de sentimentos, tudo junto, misturado e muito confuso, um monte de perguntas sem respostas teimam em martelar minha cabeça e a saudade parece me sufocar dia após dia. Se isso vai passar? Acredito que ao menos venha a amenizar. Se ele está melhor agora e se sua missão nesta vida foi cumprida? Creio que sim, ao menos faço uma força descomunal para acreditar piamente nisto. Enfim, o que eu realmente quero é lhe agradecer,pois, mesmo sem nos conhecermos, a primeira coisa que me veio a cabeça quando recebi a notícia do falecimento de meu pai, foi a sua história de superação e amor com sua doce Alicia.Naquele momento, foi a única coisa que me deu força e consolou. E hoje, é com o seu exemplo de garra e determinação que estou tentando seguir adiante.Sem palavras para lhe agradecer,sem palavras para continuar...Que Deus conforte nossos corações. BjoS com muito carinho e admiração.Jana.

MixMartins disse...

Emocionante o texto. Lindo ver tua força e como tu escolheste celebrar a vida! Conhecer Alicia, apesar de tudo, foi um presente de Deus, não foi?
Espero que você se recupere logo, que Deus restaure tua vida, em todas as áreas!
Um abraço!

Aretusa Reis disse...

Preciso enxugar as lágrimas antes de escrever... Tenho certeza que sua anjinha está lá no Céu agradecendo pelos lindos momentos que teve com você e cuidando de todos que a amam e estão por aqui!!
Eu estou me lembrando da música do Renato Russo: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", afinal a gente nunca sabe o que vai acontecer no próximo segundo.
Beijos.

Juci Almeida disse...

Milene, lindas as suas palavras.
Eu também só mãe de anjo, perdi meu lindinho faz 32 dias, ele nasceu com cardiopatia congênita e com 35 dias de vida morreu na mesa de cirurgia.
Confesso para vc que dói muito, mas muito mesmo, não consigo viver um dia sem pensar nele, mas tenho fé que Deus tem um grande próposito na minha vida, era meu segundo filho, tenho uma linda princesinha de 05 anos.
Um forte abraço.

Mi (diiirce) disse...

Temos que pensar assim: Deus não nos tira um presente tão lindo sem nos reservar algo muito maior em troca. É preciso respirar fundo e pensar q nossos pequenos não gostariam de causar a tristeza em nós. Fique bem! Conte comigo!
Jokas da Mi diiirce

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