28 de maio de 2011

O sonho que eu nunca tive

Me lembro que, com meus 17 anos e tentando passar em uma faculdade federal, estipulei uma "meta", se até os 25 anos não entrasse em uma federal, seria mãe.
Era como "se nada der certo, viro hippie". A maternidade seria como um prêmio de consolo, ou um rumo para a minha vida, que era a coisa mais absurda na época.

Porém, nunca fui de desejar ser mãe. Não tinha esse negócio de "o nome do meu filho vai ser tal, se for menina tal", não planejava ter filhos e mais filhos a cada namoro, e nada do tipo.

E me lembro muito vagamente, que um dia em um assunto aleatório comentei com meu namorado sobre isso. E estipulamos uma data " daqui 5 anos". Dois meses depois, descobri que estava grávida, de 5 meses.

Não tive sintomas, tomava anticoncepcional, e menstruei. Comecei a desconfiar quando atrasou, fui fazer um exame e lá estava o positivo. E foi, normal.

Muitas pessoas me criticaram, porque apesar da minha empolgação em comprar as coisas para o bebê, ansiedade para saber o sexo, e todas essas coisas de grávidas normais, eu não conversava com meu bebê. Nunca conversei. Não conseguia imaginar eu conversando com a minha própria barriga.

Minha gravidez apesar de ser de alto risco por eu ter uma cardiopatia congênita, foi super tranquilo, engordei pouco, nunca tive pressão alta, comia direito, parei de fumar, parei de beber, andava para tudo quanto é lado, limpava minha casa, e tinha uma vida normal com um barrigão.

Não pude ter um parto normal - por conta da cardiopatia congênita que eu tenho - mas queria esperar o trabalho de parto, sentir tudo aquilo. Então estipularam que se até a minha próxima consulta eu não tivesse entrado em trabalho de parto, marcaríamos uma cesárea. E no dia 15 eu fui para a minha última consulta, e marcamos para o dia 19/10, o único dia disponível, e o dia do aniversário da minha amiga de infância.

E no dia 19/10/2009, as 21hrs e 15min, eu com 19 anos renasci, e nasci como mãe.
E naquele momento, que vi aquele bebê sujo, chorando tão forte, com tanta garra, todos os meus medos, incertezas passaram, me senti a mulher mais forte, e poderosa, eu podia tudo. Eu me tornei mãe.

Beatriz sempre foi tranquila, teve suas cólicas, eu surtei um pouco, mas sempre foi uma bebê calma, muito amorosa e de personalidade forte. Hoje, tenho a certeza de que nasci para se mãe da Beatriz. Aprendi mais coisas em quase 2 anos, do que na minha vida toda, novos conceitos, novas visões, um outro significado para o amor.

E aí, realizei o maior sonho que nunca tive: ser mãe.



Kira mãe da Beatriz.
http://parabeatriz.blogspot.com

3 Comentaram - COMENTE AQUI:

Alê disse...

foi otimo conhecer um pouquinho da historia da Kira! ela é uma figura!!!

Jana disse...

"...eu com 19 anos renasci, e nasci como mãe." Que lindo!!! Muitas bençãos à vcs. Bjs

Ana Carolina disse...

Nossa, emocionei...

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