5 de maio de 2011

Gravidez não planejada

Hoje eu estava voltando da academia pensando em dizer para todos os meus amigos que não tem filhos para que eles agradeçam seus pais. Um abraço, um "obrigada por tudo que eu não soube que você fez por mim".

O fato de me tornar mãe (solteira ainda por cima) foi um grande choque. Não era nada do que eu planejava nessa época da minha vida - aliás, nem planejava ou queria ser mãe tão cedo.

A gravidez foi se desenvolvendo e fui tentando resolver os aspectos práticos da coisa toda (o lado material da gravidez: berço, roupas, fraldas e tudo mais) ao mesmo tempo que fui aprendendo a lidar com as bilhões de críticas sobre cada milímetro da minha vida (desde escolha do nome até sobre o egoísmo de não dar uma estrutura familiar adequada para minha filha). Um passo de formiga por vez, muitos chutes da Luísa por vez, fui percebendo que a minha vida como eu conhecia (as bebedeiras e noitadas, atitudes inconsequentes) morria de pouquinho em pouquinho para que uma nova pessoa nascesse. Eu estava gerando não apenas minha filha como eu mesma para ela.

Ela nasceu e hoje mal consigo lembrar da primeira semana. Ou melhor, do primeiro mês. É como se você nunca tivesse aprendido matemática e de repente você estivesse na gerência de um departamento de Física, responsável por analisar todos os milhões de cálculos e OI? SOCORRO! SÓ SEI SER FILHA! Bem que me disseram que bebês são à prova de pais de primeira viagem. Aos trancos e barrancos (como vomitar de nojo trocando a primeira fralda ou só ter coragem de dar banho na banheira com um mês) sobrevivi. Sobrevivemos. E aprendi a me divertir. E achar legal. E resolver qualquer problema de letra. Claro que se não fosse minha própria mãe me ajudando... sei lá. Nem consigo imaginar essa realidade paralela.

Hoje minha filha tem seis meses e faz uns dias que o pediatra falou que ela é o exemplar ideal de uma criança saudável e bem desenvolvida. Quase chorei, embora essa frase seja minha realidade de todos os dias. Vejo cada dia ela descobrir uma coisa nova e me ensinar a ver o mundo na percepção curiosa e determinada dela. E roubo pra mim um pouco dessa determinação cheia de curiosidade pelo que virá, para me desenvolver na vida como ela. E o mundo fica menos desfocado quando mudamos a lente, não?

A vida vai seguindo e um dia você consegue diferenciar manha por brinquedo de manha de colinho. E sabe o jeitinho de aconchegar mais gostoso. E sempre deixar rolar uma lágrima quando cheira aquela pele tão delicada e deliciosa.

Não sei precisar para vocês quando me tornei mãe, só posso afirmar que é algo tão incrível que mesmo usando todas essas palavras acima, não há como descrever. Só sendo.

 

Valéria Almeida, mãe da Luísa.

- Relato: 4
- Tema: Gravidez não planejada
- Nome da mãe: Valeria Almeida
- Nomes dos filhos: Luisa
- Contato: val.almeida@gmail.com

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