8 de maio de 2013

Margaret: Lutadora contra o Câncer

Eu vou, a vida toda, fazer inveja prazamigas virtuais porque eu conheci a mais Diva de todas as blogueiras da blogosfera arteira e recicleira. Margaret é dessas pessoas que marca com você, se vira, se lasca na falta de tempo, faz das tripas coração, mas cumpre o combinado.

Não sei como, em tão pouco tempo em São Paulo, ela conseguiu encontrar tanta amiga, mas ela deu conta. Eu tava grávida, e encontrar com ela na Liberdade foi um esforço que fiz sem nem me cansar. Mentira, fiquei cansadona, que a barriga tava pesando, mas valeu cada gotinha de suor... rs

Mas não é sobre isso que eu vim falar aqui... Hoje é o Dia Mundial da Luta Contra o Câncer, e a Margaret tá na última fase do tratamento de um câncer de mama nada fofo, mas que ela superou com maestria e sem se deixar abater.

Como ela é nosso ícone (pop) da superação e da luta, resolvemos pedir para ela nos responder a algumas perguntinhas (várias, vai) e ela parou o dia dela com as coisas da Divitae para nos atender. Não é mesmo uma coisa linda de Deus?


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Diva

TestDriveMami - Essa é a semana das mães, e comemora-se, no dia 8/5, o dia Mundial de Luta contra o Câncer. Você tem filhas adultas, mas como é, para uma mãe, descobrir-se com câncer?

Margaret: Sabe uma parte boa? Não existe descobrir-se com câncer. Primeiro você acha que tem algo errado, depois vai ao médico, depois faz os exames, depois tem o resultado e aí você tem um tempo para se preparar para a doença. Como mãe eu não tive nenhuma sensibilidade no momento em que recebi a confirmação. Isabela me ligou na hora da consulta e eu apenas disse: 'Deu positivo filha. Mas relaxe e já já falo com você'. Se fosse hoje, eu faria diferente, porque eu me preparei, mas as minhas filhas não. Eu apenas fui realista, mas deveria ter contado de outra forma. Por outro lado, será que existem formas de contar que está com câncer?


TDM - Qual foi a reação da sua mãe? Você acha que teria a mesma reação se acontecesse com Eva ou Isa?

Margaret: Esta era a parte que mais me preocupava, porque minha mãe é hipertensa. Então, desde o momento da desconfiança, não escondi nada dela. E pedi para minha irmã estar junto com remedinhos e tudo mais na hora que eu fosse contar. E eu falei assim: 'Mãe, tenho duas noticias, uma boa e uma ruim, qual tu quer primeiro?' Ela já imaginava, claro, e disse: 'conte logo minha filha'. E eu falei: 'o exame deu positivo, mas a parte boa é que, com isto, vou ter que deixar de fumar. Ta vendo? Tu tanto pediu que chegou o momento'. E ela chorou e disse que não queria que fosse desta forma. E eu falei pra ela que a medicina estava muito avançada, que eu descobri no início, que ela ficasse tranquila e que se eu soubesse que ela tava la sofrendo eu ia me irritar. E que não era legal eu ficar me irritando… ela até riu….

Agora, acho que como mãe, a gente sofre mais. Se fosse com minhas filhas eu iria grudar nelas, fazer todas as vontades, levar urgente para fazer tudo que precisasse ser feito, mas não ia querer sofrer. Eu iria ser o porto seguro delas no meio de todas as dificuldades. E claro, iria fazer muitas palhaçadas, porque com sorriso tudo fica melhor.


TDM - Qual o papel das filhas durante o tratamento? Apoio e fé são, no seu ponto de vista, importantes?

Margaret: O papel é amar. E amando, já está apoiando. E claro, com fé, porque ela nunca deve faltar. Tem partes do tratamento que a gente fica chata, que a gente não quer conversar. Minhas filhas souberam me entender muito bem. Isa, que ficou comigo servindo de enfermeira, e Eva, sempre presente mesmo estando longe.


TDM - Você descobriu o câncer de mama logo no início, o que é um ponto positivo para a evolução e o sucesso do tratamento. O que mudou, para você, esse alerta? Como era e como ficou sua rotina médica depois disso? Você acha que ficou mais atenta à saúde das mulheres da sua família?

Margaret: Eu sempre tive uma rotina de exames. Sempre fiz tudo conforme manda o figurino, mas às vezes pegava um resultado e achava que estava tudo bem e nem levava no médico. E nós não sabemos de nada, não estudamos pra entender exames. Hoje em dia um simples exame de sangue eu levo na minha médica para ela me dizer que sim, que está tudo bem. E depois do câncer também muita coisa muda porque são vários exames a mais e com uma frequência maior.

Com relação à família, eu sempre fui muito atenta, e se uma filha demora pra ir ao medico eu fico no pé. Deixando bem claro, faço isto com Eva que não gosta muito de médicos. rs


TDM - O Câncer de Mama é a segunda doença que mais mata mulheres no Brasil, em algum momento você chegou a pensar que não venceria a batalha? Como fez para superar esse medo?

Margaret: Durante a químio eu me sentia tão mal, que às vezes eu pensava: Será que vou morrer?

Mas eu adoro brincar de substituir pensamento, então na hora que pensava isto eu "pensava por cima" assim: 'deixa de frescura, Margaret, você só ta se sentindo mal, fica quietinha que já já passa. Dorme pra melhorar logo'.

E quero fazer uma observação: Eu não quero morrer nova, quero morrer bem velhinha. Mas eu não tenho medo da morte, tenho medo de sofrer pra morrer, porque não consigo me imaginar em cima de uma cama sofrendo, incapaz de fazer qualquer coisa. Então, se algum dia eu tiver como escolher, quero morrer dormindo. Mas quando eu tiver bem velhinha, tá?


TDM - Você sempre falou que o câncer é uma coisa ruim que se alimenta de outras coisas ruins para crescer, e que você se mantinha feliz para enfraquecê-lo. Nunca se referiu a ele como "aquela doença ruim", preferiu encarar o nome e a doença como tinha que ser. Se tratou, enfrentou as consequências e efeitos colaterais com muito bom humor - muitas vezes criticado por alguns. Você acredita que isso foi essencial para a sua superação?

Margaret: Totalmente. A partir do momento que você fica feliz com uma coisa ruim, este efeito de felicidade é mais forte que todo o resto. E sabe? Eu decidi isto desde o momento que surgiu a desconfiança do câncer, e quando a certeza chegou, a felicidade já existia, e ela apenas se potencializou. Eu não me dava espaço para ficar triste. Eu cantava, eu tomava sol e quando o pensamento ruim chegava, eu pluft, pensava algo legal.

E isto reflete em tudo a sua volta. Você com câncer, mas feliz, você não permite que alguém sinta pena de você, ou que te ache uma coitadinha. Você deixa o ambiente melhor, a família mais confiante, os amigos orgulhosos, e assim consegue passar por tudo de ruim com uma certa leveza.

Durante a químio, nem sempre eu conseguia ficar bem humorada, mas aí eu dormia… adorava dormir pra fazer valer o ditado: Quem canta seus males espanta…. Ops…. Ditado errado, mas tá valendo… troca só o "quem canta" por "quem dorme" uahauahauahauah


TDM - O que ficou de ruim para você dessa experiência?

Margaret: A reação com algumas pessoas. Porque existem algumas pessoas que realmente não entendem ou não se importam. Lembra da pergunta lá em cima? Sobre amor? As pessoas deveriam apenas amar e pronto.

Exemplo: Uma irmã minha deixou de falar comigo porque eu fui "grossa" com ela… E eu não costumo ser grossa de graça, se fui, foi porque me foi dado motivo. Mas tá, e onde está o amor, a solidariedade, a compreensão dela em um momento tão delicado da minha vida?

Amigos que eu considerava "verdadeiros amigos" nunca me ligaram, nunca me visitaram, nunca me perguntaram se eu estava bem, se tava precisando de algo… Quer dizer, talvez tivessem medo da resposta de eu estar realmente precisando de algo… quem sabe dinheiro emprestado? Uahauahauahuahaua

Então, apesar de ser algo que pra mim foi ruim, por outro lado foi bom, porque são os chamados "filtros da vida" e que se encarregam de nos mostrar a realidade, né?


TDM - O que ficou de bom?

Margaret: Tanta coisa ficou de bom depois disto que o que relatei acima até some. Vamos ver algumas coisas:

  1. Eu me tornei uma pessoa melhor (diga-se de passagem, que eu já era ótima… rs), mais tolerante e menos exigente em relação a tudo da vida;
  2. Eu fiz centenas de amigos por conta do câncer. O carinho chegava e chega até hoje sem nem avisar.  E isto nada no mundo paga;

  3. O câncer que eu tive também serviu pra muita gente se cuidar mais, abriu os olhos de outras pessoas;
  4. Hoje eu me dedico mais às pessoas que passam por algo assim. Eu posso estar lotada de trabalho, mas nunca vou deixar de ter uma palavra de estímulo, uma palavra de apoio, uma palavra de amor pra quem me procura e me conta os problemas. Eu já era um pouco assim, só fiquei mais atenta e mais preocupada em ajudar;
  5. O câncer também me provou que a gente pode ser feliz mesmo com uma doença assim. Provou que eu sou capaz, que eu posso, que eu consigo (porque é fácil ser feliz sem nenhuma adversidade).

  6. E várias e várias coisas boas que acontecem comigo e que de alguma forma está ligado a todo este processo.

TDM - O que você diz para mulheres que te procuram e dizem que têm medo de fazer autoexame ou mamografia (além do Papanicolau) por receio de descobrir alguma coisa?

Margaret: Eu digo pra não ter medo, digo pra enfrentar, digo pra lutar. Digo principalmente pra tentar ser feliz. Porque morrer todos nós morreremos um dia, mas enquanto isto não acontece vamos tornar nossos dias melhores, vamos sorrir mais, vamos aproveitar as coisas boas que existem por perto. Digo que fugir não vai mudar nada e que toda doença descoberta no início tem muito mais chance de ser curada. E que eu sou um exemplo disto e me orgulho. Eu descobri um câncer no inicio, eu não fugi e nem me escondi. Eu enfrentei, e nunca me senti com câncer. Eu apenas tinha.

E eu tenho uma frase para quando alguém me diz que ta com medo: "Tu é mulher ou um saco de pipoca?" uahauahaua

Serviço:
Blog da Marga: margaretss.com.br
Facebook (tá lotado, ela não pode aceitar mais amigos, mas você pode assinar e receber as "baboseiras" que ela fala direto lá): https://www.facebook.com/margaretss50
Vídeos que Isa (Isabela Mascarenhas) fez com Marga sobre o câncer: Video 1  Video 2  Video 3  Video 4



E aí, gostaram da entrevista?

Espero que sirva de exemplo para todo mundo, de que não importa o problema, se você mantiver a fé e o bom humor, independente do rumo que tudo tome, você vai levar a vida muito mais feliz e leve.

Amamos você, Marga! Obrigada por nos ensinar tanto!




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