31 de outubro de 2010

8 e 80 - O Balança Caixão

Que o dia-a-dia de uma mãe, seja de extremos ou não, é muito corrido e massacrante, ninguém duvida... É trabalho, estudo, casa, salão de beleza e no começo, no meio e no fim de cada uma dessas atividades a gente tem os filhos... É preciso muita criatividade para driblar a rotina, manter a atenção às crianças e conseguir interagir de forma que todo mundo se envolva em cada processo... É muito difícil quando irmãos tem gênero e fase etária diferentes... porque o interesse de um já não é o memso do outro e quando estou muito cansada, preciso incrivelmente conseguir encontrar algo que dê pra envolver os dois filhos ao mesmo tempo e assim não ter que dispor de um pouco do tempo com cada um e me sentir mais esgotada do que já estava antes do processo "atenção aos filhos" começar...

Confesso que não sou e nem tento ser nenhuma "Mãe Maravilha", então me aceito estar cansada quando estou cansada e pronto... não sou melhor nem pior mãe por causa disso... apenas respeito meus limites e deixo-os claro pra todos a minha volta... não dou mais do que aquilo que tenho pra dar, e também não exijo o mesmo das pessoas que amo... apenas quero que elas sejam felizes...

Dia desses inventei de brincar com meus filhotes de "balança caixão" e nem me perguntem se descobri a origem desse nome para a brincadeira, porque confesso que nem tive curiosidade pra isso... minha mãe dizia, quando eu era criança, que a idéia é acordar o morto (heim?)... mas isso não importa... tenho certeza de que todos os que estão lendo isso já brincaram de balança caixão um dia ou se não brincaram, sabem do que se trata... em resumo, é preciso pelo menos três participantes, um se senta, o segundo coloca a cabeça nos joelhos do que está sentado, o terceiro coloca a cabeça no bumbum do segundo e se tiver mais de tres participantes, segue assim por diante, até que todos estejam naquela posição em que Napoleão perdeu a guerra (com excessão do sentado)... todos começam a se balançar de um lado pro outro cantando: "Balança caixão, balança você, dá um tapa na bunda e vai se esconder"... o que está em último da fila dá um tapa na bunda do penúltimo e se esconde e quando todos, menos o primeiro da fila e o sentado, já estão escondidos, o que está sentado dá a ordem para o primeiro da fila buscar cada um dos escondidos, trazendo-os até o sentado de uma forma específica (por exemplo, arrastando pelos cabelos)...

Agora que sabem mais ou menos como funciona, estávamos eu, Fia (aos quase 14) e Fí (aos 4) brincando de balança caixão... eu era a pessoa sentada, e o Fí estava com a cabeça nos meus joelhos, portanto seria a Fia a se esconder e Maurinho teria que trazê-la pra mim da forma como eu indicasse... Quando a Fia foi se esconder, conhecemos a primeira dificuldade em brincar de balança caixão aqui em casa: Fred, o cachorro, não deixa ninguém se esconder de forma eficiente... ele é um tremendo fofoqueiro... entrega fácil quem está escondido, e daí que a Fia teve que levar o cachorro junto pra evitar cagoetagens... passada essa dificuldade resolvida e a Nath devidamente escondida, dei ao Maurinho a instrução: "-Traga sua irmã pela orelha, mas sem puxar com força" (essa instrução é bastante necessária considerando que Maurinho, apesar de ainda pequeno, tem uma força invejável)...

Lá foi o pequeno, todo empolgado à caça da irmã... olhou dentro de todos os armários e nada... atrás das portas, debaixo das camas, debaixo das cobertas, nos banheiros, na banheira e nada... até que finalmente gritou um feliz "-Achei"... foi nesse momento que pensei que minha instrução havera sido da mais infeliz possível... Nath aos quase 14 anos está com 1,55 de altura e o pequeno Maurinho mal acabara de alcançar seus 80 centímetros de peraltice... seria bastante incômodo para um dos dois, afinal, ou a Fía teria que se abaixar, ou o Fí teria que se esticar todo... pensei em mudar de instrução, mas escutei altas gargalhadas, lá bem ao fundo onde Maurinho havia encontrado a irmã, além das risadas tinha um blábláblá constante e a demora começara a me deixar curiosa... mudei de idéia sobre mudar de idéia quanto a instrução, quando após alguns poucos segundos (que em função da minha curiosidade pareceram muitos e longos minutos), chega ao quarto, onde eu os esperava, a Nath, com seu 1 metro e 55 centímetros de altura, carregando de forma fofa e carinhosa o pequeno Maurinho de apenas 80 centímetros e esse, atendendo precisamente minha instrução, segurava com toda ternura do mundo, o lobinho da orelha da irmã!


Aconselho o balança caixão!!!
RANNE
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