4 de agosto de 2011

O sumiço da letra de mão

É notícia: Indiana e mais 40 estados Norte-americanos vão abolir o ensino da escrita cursiva, a famigerada letra de mão. Alega-se que, atualmente, é muito mais necessário uma pessoa saber teclar com agilidade do que saber escrever com caneta e papel, uma vez que a alfabetização nos EUA se dá por meio da letra bastão – a mesma utilizadas nos teclados. Veja mais sobre o assunto aqui, aqui e nesse vídeo abaixo.
Decisão de estados americanos sobre caligafria causa polêmica
Especialistas afirmam que o processo de alfabetização é facilitado pelo uso das letras de forma, uma vez que é mais padronizado. Só depois de bem assimilado o processo de leitura e escrita é que passa ao uso da letra cursiva.
A letra cursiva surgiu na idade média, quando nobreza e clero precisavam se comunicar de forma sigilosa. Era um código-secreto, uma escrita toda rebuscada, que foi se simplificando com o passar dos séculos. A letra cursiva, quando bem elaborada, passou a ser sinônimo de status e inteligência – na época em que ser professor era motivo de orgulho. Hoje, já não se usam mais os cadernos de caligrafia, e a escrita “de mão” passou ser mais um tipo de arte.
A velocidade da digitação e a padronização da escrita digital acabaram pautando a escolha destes estados Norte-Americanos de optar por não mais lecionar este tipo de escrita. Mas a verdade é que muitos profissionais da área ainda defendem seu ensino, pois a letra cursiva trabalha a coordenação motora fina, ativando determinadas partes do cérebro que a escrita bastão ou o uso de um teclado não o fazem. Também é pela escrita que aprendemos sobre organização, asseio e cuidado, zelando (ou não) pelos nossos cadernos. A escrita manual promove atividade cerebral mais intensa que a digitação, e o ato de escrever no papel desenvolve certas ligações neurais que favorecem a fluidez da leitura.
Além disso, a letra é a identidade de uma pessoa. Cada um escreve de um jeito, e nem mesmo o mais nobre falsificador é capaz de copiar nossas letras integralmente. Tanto o é que muitas empresas só contratam com base em redações escritas à mão, analisadas por psicólogos especialistas em grafologia.
Em muito breve, nossos computadores apenas reconhecerão nossa fala e transformarão nossa voz em texto. E como será o desenvolvimento de nosso cérebro, nossa alfabetização? E nossa personalidade, como ficará com essa padronização da escrita? Perderemos nossa individualidade?
Deixo aqui uma reflexão: até que ponto vale deixar de lado nossa individualidade em prol da velocidade da informação?
diiirce



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