13 de maio de 2013

Parto do princípio - Uma visão sobre tipos de partos


Por Consuelo Zurlo




Desde o finado e renegado Orkut que estou em redes sociais, e principalmente depois dos nascimentos dos meninos em 2007 e 2009, um assunto recorrente consegue me tirar do sério de tão sem sentido que é, e a discussão sem fim: O parto.

Sim, o começo de uma família, de uma nova vida, de tudo, inclusive de gente ditadora de regras. Falo do parto, porque a gestação é um outro momento, com outras emoções, outras tantas histórias que posso contar aqui, mas não é o foco de hoje.

Só posso falar da minha história, porque é a que eu vivi, senti, e que minhas decisões repercutem na minha vida, de mais ninguém da internet, por assim dizer.

Passei a gestação toda do primeiro filho sendo a mais cuidadosa possível. Não passava nervoso, sobrevivi a 3 super gripes sem sequer paracetamol, nada de álcool, comida direitinho (apesar de muita, rs), exames todos ok. Pesquisava semana a semana, nestes sites que grávida adora, cada milímetro que crescia ou cada grama que engordava e não parei para pensar que parto eu teria, simplesmente porque era natural para mim: se entrou, tem que sair e meu corpo não me sinalizou nada sobre qual tipo seria.

Não sou médica, mas tenho discernimento para escolher um bom, e segui as orientações direitinho.

Somente no último ultra a notícia que o cordão estava enrolado. Eu, leiga, achei que não teria problemas em fazer cesária e nem cogitei que daria para ser parto normal e insistir em um risco desconhecido e desnecessário. Pode ter faltado informação sim, mas porque eu vivi minha gestação, mas minha gestação não foi uma obsessão, eu tinha outras coisas para pensar além dela.

Não pensei em nada além de que meu filho, tão amado, viesse em segurança ao mundo. Não sei como é um trabalho de parto, mas se for igual dizem, que é a crise renal que tive, dispenso. Marquei sim, porque meu marido precisava dar uma data para sair de férias para cuidar de mim nos primeiros dias. Ou você acha que o RH dá férias a qualquer momento, assim que a bolsa estoura? Pensei nisso sim. O que seria melhor, um RN com uma recém-mãe com ajuda ou sem? E assim foi.

Em nenhum  momento me senti desrespeitada, ou qualquer coisa negativa, no meu parto, e a primeira imagem do meu filho aqui fora é a melhor emoção e ninguém, nunca, vai tirar de mim. 

Beleza, a rotina de RN é puxada e tal e fiquei na curiosidade de como seria ter um parto normal, mas também não tenho traumas da cirurgia (que muita  mulher tem normal de puro medo de ser cortada e não por causa de consciência etc.)

Engravidei de novo e pensei (sim, eu penso muito) "quem sabe agora, poderia viver a experiência?" A GO já logo falou que tinha o risco da cicatriz da primeira cirurgia romper durante o trabalho de parto, ou seja, teria que ser de novo cesária. Fiquei com cara de "fuén", mas não sofri com isso.

Queria o que, que eu arriscasse ter complicações e com 2 crianças (um RN e um de 1 ano e 8 meses) para eu cuidar, toda ferrada? Claro que avaliei e não quis correr riscos. Falo do que eu considerei risco.  Sei de casos bem-sucedidos, mas isso foi depois e escolhi, sim, não escolheram por mim. Deram a informação e eu decidi.

Não contesto que cesária tem riscos, aliás como toda cirurgia, mas não vejo ninguém questionar outras especialidades médicas e peitar o médico no diagnóstico. Acata-se e pronto.

Os que defendem o parto normal têm argumentos que concordo. Eu queria PN, mas só não transformo isso numa inquisição. Tem gente muito legal, que carrega essa bandeira e que respeito pela coerência. Só acho que o assunto, o foco  é informação, para aquelas que querem engravidar ou ainda estão grávidas, para que tomem suas decisões com a maior quantidade de informações. E se, mesmo assim, escolher a cirurgia sem "precisar" é a vida dela, não a minha.

O que caaaaaaansa é essa coisa sem sentido de paridas e operadas ficarem de picuinhas de que eu sou melhor, mais gostosa, só como orgânico e o principal, a hipocrisia de ficar com dedo apontado para quem muitas vezes a gente mal conhece.

Gente, o que me irrita não é o cabo de guerra de ideias (também, vai), mas a criancice de ficarem praticando a intolerância. Beleza, você teve mais informação que eu e pariu, teve estrutura para isso, seus motivos, ótimo. Mas, isso não te faz melhor que eu, nunca, até porque também não sou melhor que ninguém.

Esse ponto de vista também vale para amamentação, chupeta, andador, escola, roupa e tudo mais que implicar em você falar do outro sem conhecer.

Quem defende a liberdade da escolha tem que respeitar quando a feita pelo outro é diferente da sua opinião. Falar que a outra foi enganada, pode até acontecer, mas saiba de cada contexto antes de falar, porque falar ao léu é subestimar a inteligência alheia, no mínimo. E vou parar por aqui porque  essa história não termina nunca. rs

* Post originalmente escrito no meu blog www.motherfacts.blogspot.com
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