21 de novembro de 2010

8 e 80 - Aconchegada e Aconchegante...

Que aconchego é coisa boa, ninguém discute... bem tem aqueles que fingem que não gostam... alguns que tem dificuldade de se entregar à um bom abraço... mas é fato... de aconchego, todo mundo gosta.... acho até que mais do que isso... todo mundo PRECISA! Pensam que é mentira minha quando conto, mas dou minha palavra de mãe e filha, que me lembro com a perfeição de uma fotografia que mostra o momento, de com aproximadamente 3 anos de idade, estar aconchegada no colo da minha mãe e mamando em seu peito (minha arcada dentária e minha enorme capacidade de me aconchegar num abraço provam que eu não conheci mamadeira)... eu me lembro sim e me lembro bem (nunca vi foto minha mamando no peito da minha mãe)... mais do que da cena, me lembro do cheiro, me lembro da sensação boa de estar aconchegada... Não é mentira minha quando conto que me lembro também da primeira vez que tirei liquor da espinha... não era possível ser abraçada, mas a mão da minha mãe na minha me fez sentir-me aconchegada, como um bebezinho num colo confortável... não amenizou a dor, mas me deu a certeza de que eu não estava alí sozinha com meu medo...
Aconchego é coisa que dá segurança, transmite afeto e demonstra amor... é bem vindo no seio familiar, no trabalho, na escola e no boteco... aconchego traz paz!
Frequentemente, deito na minha cama, ou num colchão que o Fí tem no quarto dele, e nesse momento, aproveito para aconchegar quem busca e cabe no meu abraço... e por melhor caberem no meu abraço, Maurinho e Fred são os mais beneficiados com esse remedinho pra todos os males: o aconchego... Nathália, já um centímetro maior do que eu, já não busca mais meu aconchego e eu na minha extrema ignorância de mãe de extremos, pensei que era pela idade, porque me lembro que aos treze anos, já não buscava mais o aconchego do abraço da minha mãe... e sinceramente, não me lembro porque...
Foi recentemente que a grande pequena adolescente sentou-se na minha cama enquanto eu fazia um trabalho no computador e começou a contar suas histórias de sempre... reclamações de professores, aventuras vividas com as amigas e etc... e eu sem poder dar muita atenção, em função do trabalho que estava realizando, respondia alguns "ahans... uhum... hehe... eita" e coisas do gênero... a mocinha saiu do quarto e confesso que nem me dei conta do fato... poucos minutos depois aparece o pequeno Maurinho... chega perto de mim e diz: "-Vim só dar um beijo, tô vendo o Chaves"... aproveitei o beijo e dei-lhe um belo de um apertão num abraço rápido, mas aconchegante... quando o pequeno saiu, a mocinha reapareceu com gestos e manifestações que se misturavam em sentimentos de revolta e tristeza e reinvindicou: "-Tá vendo mãe, você nunca me dá um abraço e é só o Mauro Neto chegar perto e você abraça"...
Só nesse momento me dei conta de que há um tempo, de fato eu não a abraçava, não a aconchegava, enquanto com Maurinho isso é uma constante... e não tem nada a ver com gostar mais de um filho do que do outro... como eu disse acima... achei que ela já não se ligava mais nessa coisa de aconchego materno... me enganei!!! (Que bom!!!)... Me levantei imediatamente, dei-lhe um belo apertão (dentro do que foi possível apertar) e falei que o abraço estava sempre aqui, é que como ela já é uma moçona, as vezes eu não me dou conta da sua necessidade de ser aconchegada... e ela respondeu sorrindo gostoso... "Acho que agora sou eu quem aconchega você".

Ranne Miranda é assistente social,
casada com o enfermeiro Andrey Miranda
e mãe de Nathália (13) e Maurinho (4)
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