6 de março de 2011

Toxoplasmose: onde está o verdadeiro vilão?

Recentemente recebemos um relato muito emocionado de uma de nossas leitoras e postamos aqui. Nos comentários recebos uma mensagem muito legal da Cacau e eu pedi que ela nos escrevesse sobre o assunto também.


Cacau é veterinária e gostaria de nos contar um pouco sobre a Toxoplasmose, vamos ver?


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Toxoplasmose: onde está o verdadeiro vilão?


Claudia Folador Rocha


Médica Veterinária


CRMV-PR 4666


A toxoplasmose é causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, um parasita que tem por hospedeiro definitivo o gato, mas que pode causar diversos problemas em hospedeiros intermediários, incluindo os seres humanos.


Os sinais clínicos de uma infecção adquirida podem não ser claros ou ser confundidos com gripes ou intoxicações, dependendo da imunidade do hospedeiro infectado. Em indivíduos com boa imunidade, os sinais mais comuns, quando presentes, são os seguintes: febre, mal estar, dores musculares, linfadenopatia (“ínguas”). Em indivíduos com a imunidade comprometida, os sinais podem ser mais graves, incluindo convulsões, confusão mental e sinais neurológicos diversos. Uma das lesões mais comuns diagnosticadas nos seres humanos são as coriorretinites, quando o cisto fica alojado em algum ponto da retina, podendo causar inclusive descolamento desta e cegueira.


A infecção congênita, ou transplacentária, ocorre quando a mãe adquire a infecção durante a gravidez e varia em gravidade dependendo do estágio da gravidez. Mães que já possuem títulos de anticorpos (defesa) anteriores à gravidez não têm essa preocupação. As infecções no primeiro trimestre são as mais graves, por isso os obstetras pedem a sorologia já na primeira consulta. De acordo com a fase de desenvolvimento fetal, podem ocorrer alterações graves no cérebro em formação, incluindo hidrocefalia, atraso mental, aborto, prematuridade, cegueira (coriorretinite), miocardite, entre outras lesões.


Mas quais são as formas de contágio? Essa é a resposta que toda gestante busca, sem dúvida, para evitar que qualquer coisa aconteça com os bebês tão desejados e sonhados. Para responder, temos que entender o ciclo de vida desse parasita.


Os gatos domésticos (e felídeos selvagens) são os hospedeiros definitivos e estão presentes em diversos ambientes, incluindo como pets dentro de nossas casas. Eles são os únicos que podem transmitir o parasita após a infecção e fazem isso durante apenas 15 dias, através das fezes contaminadas. Para isso, os parasitas formam oocistos que terminam o ciclo fora do hospedeiro, sobre a terra ou areia, durante 4 dias. Essa é a primeira informação importante: gatos, mesmo infectados, que estejam habituados a caixinhas de areia limpas diariamente, têm uma chance mínima de contaminar os donos, pois estes não deixarão as fezes expostas pelos 4 dias necessários.


Então onde isso ocorre? Gatos com acesso a hortas, jardins ou culturas no campo, vão defecar em locais não visíveis diariamente, portanto pode haver a contaminação da terra onde está plantada a verdura que iremos comer ou as flores que cuidamos sem o uso de luvas. Como evitar essas contaminações? Lavando muito bem as verduras que tiveram contato com a terra, mesmo de origem conhecida e preferindo vegetais cozidos quando vamos a restaurantes, usando luvas para fazer jardinagem e evitando o acesso dos gatos às áreas de terra. Lembrem-se que os gatinhos de casa podem ser educados e usar a caixinha, mas os visitantes nem sempre.


Pelo mesmo motivo, temos que cuidar com outros alimentos. Os gatos em sítios, chácaras e fazendas, têm acesso às hortas e aos pastos, contaminando o alimento que serve para outros animais, como bovinos, ovinos, suínos e frangos. Eles sofrem a infecção como os humanos, ou seja, nem sempre mostram que estiveram doentes, e a partir da fase de infecção crônica, vão ter os parasitas alojados principalmente na musculatura, mas também nas glândulas, inclusive nas mamárias. Como é possível saber se um animal foi contaminado no campo? Os sinais em fêmeas prenhes é o mesmo das mulheres, com a ocorrência de abortos ou anomalias fetais, de outra forma alguns testes de inspeção da carne e outros produtos de origem animal podem mostrar a presença do parasita. Mas esses testes não são 100% confiáveis. Então a prevenção deve ocorrer na utilização desses alimentos. O parasita morre à 63°C, portanto carnes bem passadas, leite e derivados pasteurizados são seguros para alimentação das mamães. O perigo está em embutidos não curados (linguiças e salames defumados, queijos crus) e natas frescas, além de carne mal-passada ou crua.


Já os cães não são hospedeiros definitivos, portanto não transmitem através das fezes, mas podem se contaminar da mesma forma que os humanos. Como no Brasil não existe o hábito de servir carne de cachorro em restaurantes, não há risco relacionado aos cachorros.


Existe um último risco, invisível, que pode ser muito perigoso: os hábitos de higiene dos profissionais que trabalham com a indústria alimentícia. Cozinheiros, chefs, garçons, todos os que trabalham diretamente com os nossos alimentos, podem trazer contaminações de terra nas mãos que contenham parasitas e passar isso para o alimento já pronto, não sendo possível eliminá-lo. Cuidado, portanto, com os locais onde escolhem para fazer as refeições, procure visitar a cozinha, observe a higiene das mãos dos profissionais que estão servindo.


Com todos os cuidados de higiene, não há como por a culpa nos bichinhos de estimação, que trazem tanta alegria às famílias. Certo? Até porque eles se contaminam das mesmas formas que os humanos e sofrem a doença de forma até mais grave, com alterações gastrointestinais e sensibilidade abdominal (cólicas).


Cuidem-se, futuras mamães!


Claudia Folador Rocha


Médica Veterinária


CRMV-PR 4666


Obrigada pela participação Cacau!




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