9 de maio de 2011

Sementinha




Minha história não é diferente de tantas outras já contadas...

E em um certo dia, fui abençoada com a semente do maior amor que já se viu...



Era uma menina cheia de sonhos a realizar e muitos planos em mente. No meio de um turbilhão de coisas ao mesmo tempo, conheci um rapaz e foi pura sedução... uma historia cheia de idas e vindas iniciava o destino que minha vida tomaria.



Era certo que o fruto dessa paixão viria em seguida e alguns meses depois lá estava eu, com 23 anos, grávida e solteira.

Não era exatamente o que esperava pra mim, confesso que fiquei um tanto atordoada, recebi o meu positivo extamente no dia do meu aniversário e não fiquei feliz.

Eu queria muito ser mãe, planejada essa parte da minha vida com todo o cuidado, mas queria também que as coisas estivem no eixo certo.

Enfim, o planejado não deu certo... mas aos poucos a situação foi mudando e a cada novo dia um novo sentimeto tomava conta de mim....

Era enfim o amor pela minha sementinha que estava dentro de mim. Não liguei mais para as coisas e os problemas que me cercavam, pois naquela altura e olha que não tinha completado nem dois meses direito, e eu já amava com tanta força.

Não foi fácil enfrentar uma gestação sozinha, como muitas mães jovens e solteiras, tive todos os problemas peculiares que a maioria enfrenta. Muitas brigas e desentendimentos, muito choro e saudade, muitos pensamentos de porque não deu certo, e me sentia sozinha...

Mas como muitas mães jovens e solteiras, eu também fui forte pra enfrentar as dificuldades e os preconceitos, pra enfrentar as terríveis perguntas “quem é o pai?” ou “cadê o pai?” ou a pior de todas “vocês vão ficar juntos depois que a criança nascer?”. Era uma tortura, quantas vezes me vi chorando sozinha e conversando com minha sementinha, eu falava que iria ficar tudo bem e que eu já amava o suficiente pra ela não sentir falta do “pai”.

Foi uma fase difícil, mas suportável e talvez necessária pra me fortalecer e me tornar segura.



Dia 09 de um abril chuvoso, vinha ao mundo a minha flor, dei a Ela o nome de Ana Laura, não tinha um motivo especial, queria que ela tivesse meu nome Ana, que significa “cheia de graça” e Laura foi um complemento perfeito que significa “coroada com folhas de louro” uma vencedora!



Não sei explicar o turbilhão de sensações que me dominaram naquela noite, mas sei explicar o que é a sensação de ter um filho tirado de perto de você e não poder fazer nada... é doloroso demais.



Minha filha nasceu com dificuldade, veio ao mundo por cesareana e não chorou, estava enrolada no cordão umbilical e cianótica. Apesar dos contratempos ela foi para o quarto comigo e ficou em berço aquecido ao meu lado, mas com 12 horas de vida ela foi levada para UTI neonatal, pois estava em estado crítico de infecção. Eu não pude acompanhá-la, e só me levaram para vê-la horas depois. Chorei sozinha no quarto do hospital horas a fio, eu não sabia que doía tanto... foi ali, naquele momento que eu percebi que já era mãe. Meu coração tava tão cheio de amor por ela que transbordava minha alma.



Apenas 15 foram os intermináveis dias que passamos no hospital para ganhar peso e tratar a infecção, foram dias que pensei que poderia esquecer, era uma porta que estava fechando ali e não abriria mais. Puro engano meu...



Uma série de complicações vieram junto com aquela anóxia do parto...

Aos dois meses de vida, depois de já sustentar a cabecinha, percebi que minha filha não era um bebe igual aos demais. Era ainda muito quieta e isso só veio se confirmar com os meses seguintes, ela não acompanhava as crianças da idade.



Foi então que levei ao neurologista e fizemos a primeira tomografia computadorizada, onde constatava uma atrofia do crânio, até então tida como inconsistente para a idade, recomendando-se que o exame fosse repetido aos dois anos de idade.



Fizemos uma série de outros exames, incluindo vários testes da orelhinha em que constatamos um déficit auditivo leve a moderado no lado direito.



E também fizemos eletroencefalograma que mostrava potencial epiléptico.



Varias intercorrências no primeiro ano de vida, incluindo duas crises convulsivas em vigência de febre, nos levaram ao diagnóstico de Paralisia Cerebral.



Confesso que pra mim não foi um choque, não como eu imaginava que seria lá no início quando percebemos que havia algo diferente. Pois naquele momento eu pesquisava tanto, buscava tantas informações quantas possíveis para tentar encaixar os fatos que aconteciam com a Laurinha, com as patologias existentes e já sabia da possibilidade de Paralisia Cerebral.



Hoje, ela está com dois anos, completos dia 05 de abril de 2011. É uma criança com paralisia cerebral discinética, atraso cognitivo, déficit auditivo leve do lado direito e epilepsia controlada por meio de medicamentos há aproximadamente sete meses.



Minha filha é a maior jóia da minha vida e ela veio para mudar o rumo da minha história que hoje diverge sim de tantas mães solteiras, pois me considero muito especial de ter sido escolhida por Deus para ser o anjo da minha sementinha.

E sim, hoje eu acho que posso responder uma pergunta que me foi feita tantas vezes quando estava lá, grávida, sozinha... Hoje posso dizer que estamos unidos, nós três... e que nos amamos!






Ana Carolina Araújo

- Nome da mãe: Ana Carolina Araújo
- Nomes dos filhos:
Laurinha''''
http://www.minhasementinha.org/


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