15 de fevereiro de 2013

Criancês - a língua dos bebês


Estou lendo o livro “A criança mais feliz do pedaço”, do professor de pediatria Harvey Karp. O livro traz dicas pertinentes sobre a educação infantil, de como acabar com as birras e educar uma criança para que ela seja obediente, cooperativa e acima de tudo feliz. É dividido em 4 partes, mas vou abordar a parte com a qual me deparei com a minha maior dificuldade: a parte 2 – conectar-se com respeito: introdução à comunicação com as crianças, capítulo: “Criancês”: um estilo de fala que funciona mesmo!



O autor se refere a “criancês” a língua materna do nosso filho e sugere que falemos a língua deles. Isso não quer dizer ficar falando que nem gente boba e com voz de criancinha estilo a Ivana, cunhada da Carminha “cadê o bebezão liiiindo da mamãe...”. A língua “criancês” é falar frases curtas, com repetição e espelhar um pouco dos sentimentos do seu filho (usando seu tom de voz e gestos).

Quando Benjamin nasceu eu me vi sem saber como falar com ele. Todos os livros lidos, indicavam conversar sempre com o bebê, desde bater papo até dizer as sequências de atividades que faríamos. De início me sentia muito sem graça, sem jeito mesmo, tinha grande dificuldade em falar com um bebê que eu achava que não me compreendia. Com o passar dos dias, aprendi a língua criancês e sentia que aumentava os nossos laços.

No entanto, como bem colocado no livro, praticamos o criancês quando as crianças estão felizes e esquecemos de usar o idioma quando elas estão estressadas. Nesses momentos, voltamos a falar como adultos e queremos que a criança entenda a nossa língua. Aqui em casa pelo menos é assim. E ao ler o livro percebi que ainda não havia derrotado a minha maior dificuldade na maternidade: comunicar-me com meu filho, mas em qualquer hora e circunstância. Percebi que não consigo alterar a voz (de forma positiva), ser mais expressiva, fazer caras e bocas e gestos para que meu filho me compreenda melhor.

Fiquei um pouco triste...é horrível admitir isso, mas de início eu não conseguia falar em criancês porque achava embaraçoso  me sentia uma imbecil (e eu sei, imbecil eu estava sendo por achar uma coisas dessas); agora acho que não consigo por dois fatores: 1. Porque quando Benjamin está birrento eu devia usar a minha autoridade de mãe. Porém, não devemos abusar da autoridade de pais para falar com nossos filhos como se eles fossem mini adultos, principalmente quando ele tem um ano e pouco; 2. Porque as pessoas em volta ficam nos cobrando uma posição mais firme.

Sinceramente, não quero me importar com o que as pessoas falam e nem agir como seria politicamente correto aos olhos dos outros. Quero que meu filho seja uma criança feliz e se falar “criancês” em momentos de perturbações é um dos fatores que vai contribuir para isso, vou me esforçar (além de tudo, diz que as birras diminuem!!!). Não sei se é porque estava lendo o livro e estou com as palavras ainda na cabeça, não tive sucesso ainda na prática. Quando faço ainda soa mecânico, não é algo natural. Estou me policiando e me cobrando e talvez isso esteja atrapalhando.

Dicas do livro de como falar “criancês”

1.       Use frases curtas: com crianças muito novinhas ou com crianças mais velhas muito bravas comece com frases de uma ou duas palavras (usando apenas as palavras-chave). Por exemplo: Em vez de: “sei que você está bravo com isso.” Diga: “Você está bravo! Bravo! Bravo!
Lembra do filme Tarzan? “Não, Jane, não comer”.
2.       Repetição: A repetição é tão importante quanto as frases curtas. Exemplo: está chovendo e seu filho fica batendo na porta porque quer ir lá fora. Em resposta você, abaixa-se até o nível dele e aponta para a porta dizendo: “você quer...você quer...você quer lá fora! Não querido, não. Está chovendo! Molhado! Vem comigo, vamos brincar.
3.       Espelhe um pouco a intensidade de seu filho em seu tom de voz e em seus gestos: esse  é a chave mágica! A criança pode não entender todas as suas palavras, mas ela é brilhante ao ler sua voz e seu rosto. Por isso é importante, espelhar um pouco de emoção de seu filho com o tom da sua voz, a sua expressão facial e a sua linguagem corporal permite que você se ligue ainda mais com seu filho. VOZ: use mais entusiasmo do que o normal. Reflita parte do medo, frustração e outras emoções que você ouve no tom de vos dela, usando cerca de um terço da intensidade. Depois volte à sua voz normal à medida que a criança se acalma. ROSTO: Seja expressiva. Levante as sobrancelhas, balance a cabeça, abra os olhos, franza as sobrancelhas, aperte os lábios. LIGUAGEM CORPORAL: Use muitos gestos, faça um sinal com o dedo indicador aos dizer não, acene com as mãos, aponte, dê de ombros, bata os pés no chão.

Sobre a linguagem corporal, acho que devemos tomar muito cuidado com os gestos que usamos com as crianças. Quando eu chamava atenção do Bnejamin para ele não mexer em alguma coisa, por exemplo, eu agachava na altura dele e apontava o dedo indicador. Dias depois ele estava falando “não” pra mim e balançando o mesmo dedo. Assim ele faz quando vai dar uma bronca na Capitu, nossa cachorra. Ou seja, tem que tomar cuidado para não virar contra nós. Imagine seu filho batendo o pé...acho que não seria legal. (risos)
A “arma” do sucesso, segundo o autor, é a escuta.  “Pais constroem bons relacionamentos ao se comunicar com amor e respeito (e não com força e humilhação)”.
E na sua casa, como você se sente ao falar criancês com seu filho?
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