24 de maio de 2011

E a carreira?



Já escrevi aqui como foi punk meu fim de ano? Então... um dos motivos foi 1 semana de viagem a trabalho que me inspirou para este post. É... vou falar aqui sobre filhos x carreira... ô teminha batido, né? De tão batido, não tinha como não registrar minha experiência.




O fato é que essa história de que é perfeitamente possível conciliar carreira de sucesso e filhos, tenho que dizer: balela! Possível sim, mas... perfeitamente? Sei não!




A minha experiência no assunto é que, para você voltar à carreira no mesmo ritmo de antes, ah... tem que rebolar, rebolar, rebolar. Julia acabou de fazer 2 anos e só agora eu digo que estou realmente retomando minha carreira. Trabalhar, ok... a gente volta sim a trabalhar depois da licença-maternidade (mesmo com todo o turbilhão de novas responsabilidades, compromissos e etc que vc não tinha antes do seu bebê nascer... mas você volta); no meu caso, foram licença maternidade + férias + licença-prêmio o que totalizaram 8 longos meses somente envolvida com fraldas, peitões e bilus-bilus... tanto tempo afastada, claro, teria suas consequências... nunca pensei o contrário e de jeito nenhum estou arrependida... foram 8 meses alucinantes de muitas transformações, novas experiências, novos sentimentos (que retratei alguns aqui), mas o fato é que ao voltar nada foi como antes.




Mas enfim, só agora consegui realmente me sentir de volta à ativa, mas como falei... rebolei rebolei rebolei... Essa viagem talvez tenha sido o marco do meu retorno, mas digo que foi uma superação pessoal … sim... para mim foi e a partir daqui relato minha maratona (cheia de orgulho com uma medalhinha, modestamente, de ouro no peito de mãe).




O convite era irrecusável, uma oportunidade que eu não poderia deixar passar, era a minha chance de voltar a me sentir fazendo algo realmente importante profissionalmente, mas... seria um trabalho em esquema de imersão (dia e noite) num hotel-fazenda numa rodovia em Anápolis, longe de tudo e de todos. Em outros tempos (mais precisamente 2 anos e 9 meses atrás) eu nem piscaria ao responder: “claro.... agradeço a oportunidade e blá blá blá...”, mas.... 2 anos e 9 meses depois quase que a resposta foi: “agradeço a oportunidade mas... blá blá blá”. No segundo da piscada (que eu não daria em tempos atrás) milhões de coisas vieram na minha cabeça: deixar a Julia aqui? Com quem? Levar? E deixar lá com quem? Minha mãe? Babá (que babá?). Mas antes de responder qualquer coisa mandei o caô: “vou verificar como vou me organizar” mas deixando a entender que não haveria problema.




Não haveria problema? É só o que havia: problemas. Podendo ser listados e enumerados (e foi isso que fiz: listei e fui mitigando – já entrando no clima do jargão profissional – 1 a 1 dos riscos)




Pissuca jamais ficou 1 diazinho sem mim na vidinha dela. Muitos podem pensar (e eu ouvi sim muitos falarem): “não se preocupe com isso”,"isso é mais sacrificante para você do que para ela”, “ela nem vai sentir falta”, “eu mesma já deixei os meus sozinhos e tudo bem” e etc etc etc. Realmente eu concordo (e juro por Deus que gostaria de estar nessa situação), que para quem já fez isso desde cedo ou que, inclusive, já acostumou os filhos a outra presença que não a sua, deve ser muito fácil sim. Mas para mim foi um tormento pois Júlia é uma bebê-carrapatinha-de-mamãe: só dorme comigo, às vezes encasqueta e só quer tomar banho, brincar, comer comigo. Não é uma escolha minha (embora reconheça que possa ser sim minha culpa), já demonstrei aqui mesmo, diversas vezes, o quanto fico sufocada com essa situação. Não sei o que fiz para que fosse assim pois realmente não me considero uma mãe super protetora, aliás, às vezes até me acho meio negligente com ela... talvez a explicação esteja nos umbigos, mas enfim.. o fato é que não poderia arriscar viajar de cara 1 semana inteirinha deixando ela com outra pessoa mesmo que fosse minha mãe. Ela ia sofrer, meu coração de mãe dizia que ia e o primeiro pré-requisito para mim era:



Sem chance fazer qualquer coisa em meu benefício às custas de qualquer tipo de sofrimento para minha filha, em qualquer grau que fosse.






E esse foi meu lema: faço o que for, mas somente se eu puder fazer com que ela ficasse bem.




Daí vamos às opções:




A: deixar Pissuca no Rio: sem chance pois papai não tem hora e não posso contar com ele; minha mãe sozinha não dá conta mais com ela; e deixando junto com outra pessoa também não resolve pois para dormir e comer, principalmente dormir, seria um sofrimento (talvez não nos primeiros dias, mas com o passar dos dias ia virar um caos... conheço meu gado!)

B: levar Pissuca e deixar em Brasília com minha mãe e alguém para ajudar, ia cair no mesmo problema com o agravante de ainda estar fora do ambiente dela e tal...




Além do quê nas duas opções acima eu não conseguiria trabalhar bem pensando que ela poderia não estar bem... Claro que havia a opção de dar tudo certo sim, ela não sentir falta, ela ficar numa boa … mas, voltando ao meu lema, não ia querer pagar para ver.




C: levar ela para o Hotel-fazenda com minha mãe e mais alguém... huuum, ok, poderia ser uma opção... só teria que pagar a diária do hotel da minha mãe e da babá.




Primeiro problema: que babá? Depois de muito pensar, recorri à babá de fim de semana da minha cunhada (já que euzinha não tenho babá nem de durante a semana e a menina que me ajuda aqui com a casa não poderia sair do Rio assim por uma semana), afinal, só a "roubaria" da minha cunhada durante a semana, ela é de Brasília (não teria que pagar passagem para alguém daqui para lá) e o principal de tudo: Julia ama ela de paixão (e acho que a recíproca é verdadeira). Ok... ela tinha disponibilidade para ir para Anápolis... problema resolvido.




Sim... 1 problema resolvido. O outro era: a diária do hotel-fazenda era surreal, sem chance de eu conseguir bancar (mesmo com a diária que eu ia receber da empresa).




D: não conseguindo pagar a diária do hotel-fazenda, a outra opção encontrada foi ir para Goiânia, deixá-las num hotel lá e ir todo dia para o hotel-fazenda em Anápolis (por que Goiânia e não Anápolis mesmo? Porque em Goiânia teria mais opções para elas se divertirem e não ficarem trancadas no hotel o dia todo, além de tia e primas que tenho lá e que poderiam ser mais uma opção de entretenimento).




Vejamos, para atender à essa alternativa eu precisaria: alugar um carro (para os trajetos Brasília-Goiânia-Brasília e diariamente Goiânia-Anápolis-Goiânia); achar um hotel legalzinho mais em conta e....... negociar se eu poderia voltar para Goiânia todos os dias.




Negociação feita, o resto foi fácil. Aluguei o carro em Brasília e ficamos no Ibis em Goiânia (aliás, recomendo... hotel bem localizado e bastante confortável com uma diária, digamos, realista) e veja como a diária do hotel-fazenda era surreal: mesmo alugando o carro e as diárias de Goiânia, ainda ficava mais em conta.... Mas mesmo assim, além do que a empresa me pagou de diária eu ainda tive que desembolsar um bom dinheiro pois, além do carro, hotel e babá, ainda tiveram as passagens da Julia (que com 2 anos já paga)... sem contar que eu perdi o vôo de ida – claro que tinha que ter mais um sanhasso - (pago pela empresa), ou seja, a minha passagem de ida acabei tendo que bancar também. No fim, paguei para trabalhar... mas … acredito firmemente que não há bônus sem ônus nessa vida.




E foi assim: 1h30 de estrada todo dia para chegar no hotel-fazenda (pois não era beeem em Anápolis, mas numa rodovia interestadual de lá), acordando super cedo (pois tinha que estar lá ás 8h) e alguns dias sem hora para voltar; Julia ficou doente com uma infecção no ouvido (tinha que ter mais sanhasso – trabalhando o domingo inteiro em Brasília antes da semana em Anápolis, e Julia com febre alta e otite que nos fez parar no hospital). Mas Julia se divertiu horrores nos passeios em Goiânia, ficou super bem com a babá e eu consegui pô-la para dormir todos os dias (mesmo que às vezes um pouco mais tarde), controlar o horário do antibiótico e tal.




Só uma coisa me incomodou durante a semana: o hotel-fazenda era show de bola demais (tinha até pavão) e eu estava sentida pela Julia não poder aproveitar aquilo lá... daí... consegui rebolar nisso também... no último dia, ao invés de voltar a Goiânia para pegá-las para voltar para Brasília, fomos cedo todas para o hotel-fazenda... e ela pôde aproveitar o hotel enquanto eu trabalhava e no fim, de lá, voltamos direto para Brasília... excelente! Fiquei super feliz ( e ela nem se fala).




Diz aí se eu não rebolei? Ôh …. não teria para Gretchen ou Carla Perez.




O resultado foi muuuuito cansaço (a ponto de já voltar para Brasília doente), mas com um trabalho realizado excelente e um sentimento de realização muito mais que profissional, que a muito tempo eu não sentia. Realização pessoal, de mãe.... mesmo...




Então... dá sim para conciliar carreira x filhos, mas se prepare para ficar com a cintura fina e piorar a dor nas costas (que começa na gravidez e que você não fica boa nunca mais) de tanto rebolar...


E ser mãe, afinal... deve ser (também) isso mesmo... ir equilibrando daqui e dali, fazendo o que dá, mas sempre sempre colocando nossos filhos em primeiro lugar!



Se divertindo no hotel-fazenda.


E algum esforço pode ser demais para ver esse sorriso?


 


mãe: Tatiana Marques


filha: Júlia


http://tatimaternando.blogspot.com

3 Comentaram - COMENTE AQUI:

Simone disse...

Tatiana, PARABÉNS!!! Também me encaixo no tipo de mãe que vc é... analiso, re-analiso, analiso de novo, peso prós e contras, mas sempre pensando no filhote. Imagino a correria que deve ter sido, mas compreendo o sossego em seu coração tendo sua filha por perto. Sorte e sucesso! Tô te seguindo lá no blog já! Beijos.

Aretusa Reis disse...

Eita que esse sorriso compensa, viu?
Parabéns por tudo!!
Beijocas,
Aretusa, mamãe da Doce Sophia

Ana Tereza Rodrigues disse...

Caraca! resumo a isso! Nossa !Também to com as férias estendidadas por conta de férias e licença amamentação. Só de pensar em voltar me corta o coração. Sincereamente, me desculpem as mãe que já voltaram ao trabalho mas, não rendemos como antes. Coração de mãe é gigantesco, mas somos mães, mulheres e é nossa essência!Desculpe mas não podemos fugir dessa realidade fisiológica. Espero fazê lo o melhor que eu puder, mas sempre será diferente>
Mesmo assim em nada me arrependo, nem uma gotinha , estou amando cada milésimo de segund. Um beijão a todas!

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